domingo, 3 de maio de 2015

7 passos para o coordenador pedagógico pensar as reuniões com professores



Original disponível em: http://blog.qedu.org.br/blog/2015/04/29/7-passos-para-o-coordenador-pedagogico-pensar-as-reunioes-com-professores/ 

7 passos para o coordenador pedagógico pensar as reuniões com professores


As reuniões pedagógicas devem ser espaços de estudo e reflexão e não de transmissão de recados ou demandas administrativas, que muitas vezes não são prioritárias para o trabalho pedagógico. Pensar essas situações é necessário porque uma lei federal já estabelece uma carga horária de formação equivalente a um terço da jornada semanal, e elas devem se bem aproveitadas pela equipe docente.
No artigo introdutório da série sobre o papel do coordenador pedagógico nas escolas, feito com base no estudo da pesquisadora Silvana Tamassia, que relata a experiência na formação de gestores no curso de Gestão para a Aprendizagem, realizado pela Fundação Lemann em parceria com a Elos Educacional,  refletimos sobre o papel, a formação e os desafios do coordenador pedagógico. Neste primeiro artigo sobre as três frentes de atuação deste profissional, vamos abordar o planejamento e a condução das reuniões pedagógicas da escola.

Planejando as reuniões pedagógicas

“Os momentos de reunião pedagógica devem ser priorizados para estudo e reflexão da prática, incluindo-se aí momentos de planejamento coletivo, em que os professores podem trocar experiências e ideias para desenvolver as melhores estratégias visando o alcance dos objetivos propostas para cada faixa etária e/ou turma.”
Tão importante quanto começar uma reunião é planejá-la. Reunião em uma escola de Frederico Westphalen - RS.
Tão importante quanto começar uma reunião é planejá-la. Reunião em uma escola de Frederico Westphalen – RS.
Esses momentos devem, então, ser potencializados por meio de uma pauta formativa que leve os professores a refletirem e avançarem em suas aprendizagens enquanto sujeito responsável pelo ensino dos alunos em sala de aula. Veja abaixo algumas estratégias para a construção e execução desta pauta.

1- Mapear necessidades formativas

Qualquer formação continuada para ser eficiente precisa atender às especificidades daquela realidade escolar. Para descobrir quais são as necessidades de formação, o coordenador pedagógico pode passar questionários aos professores, fazer observações em sala de aula, analisar os resultados dos alunos indicando os conteúdos mais críticos na aprendizagem dos alunos e que podem ser os mais vulneráveis na formação do docente.
“Com esses dados em mãos, a escola pode organizar o seu projeto de formação para o ano todo, compartilhando-o e validando-o com todo o grupo.”

2- Definir o objetivo do encontro

Ter claro o que se vai fazer durante a reunião é essencial para conduzi-la de maneira que seja produtiva. Assim, é preciso também definir até onde se espera que os participantes avancem, quais materiais serão necessários e o espaço, de modo que favoreça as discussões propostas de acordo com a metodologia escolhida.
Apesar de simples, post-its são ótimas ferramentas para uma síntese visual do que foi definido na reunião.
Apesar de simples, post-its são ótimas ferramentas para uma síntese visual do que foi definido na reunião.
“É claro que se estamos falando de uma pauta formativa, não cabe elaborarmos uma aula expositiva sobre os conteúdos propostos, o ideal é pensarmos numa sequência de atividades que ajudem os participantes a avançarem no seu conhecimento sobre o que está sendo discutido.”

Conduzindo as reuniões pedagógicas

3- Ler a pauta em voz alta

É um momento introdutório que visa contribuir para a formação do professor leitor e a ampliação do seu repertório. Isso irá contribuir também para que seja um modelo para os seus alunos.

4- Investigar os conhecimentos prévios do grupo sobre o tema

Saber exatamente o que os professores conhecem sobre o tema é essencial para que a formação seja eficiente, pois assim será possível nortear o estudo do tema a partir das discussões e dúvidas levantadas pelos próprios docentes.

5- Traçar momentos de reflexão para ampliação do conteúdo

“Neste momento, o coordenador precisa propor questões que levem às reflexões que deseja promover; para isso pode lançar mão de textos que podem colaborar para embasar teoricamente o assunto ou vídeos que possam trazer à tona a discussão pretendida.”
Você pode se interessar também por esses conteúdos:

6- Tematizar a prática de sala de aula

As reuniões podem conter trechos de vídeos de uma aula ou registros escritos bem detalhados que possam provocar reflexões com base em cenas do vídeo ou trechos dos registros. É preciso também pensar as pausas estratégicas para chamar a atenção do grupo para pontos relevantes de acordo com o conteúdo da formação.
“O que está em jogo nesta estratégia? A natureza dos conteúdos, os processos pelos quais os alunos aprendem e os procedimentos usados pelos professores para ensiná-los. Os materiais mais adequados para fazer a tematização são vídeos de situações de sala de aula, planejamentos de aula e registros de aula feitos pelo professor.”

7- Reorganizar os saberes e sintetizar as aprendizagens

Depois de tantos conteúdos e reflexões, é preciso sistematizar as ideias discutidas durante a reunião com propostas de encaminhamentos que ajudem a levar para a prática os debates feitos durante o encontro. Este momento é importante pois mostra ao grupo que as reflexões não são apenas teóricas, mas que consideram suas práticas em sala de aula e como melhorá-las, propondo ações que as qualifiquem.

O coordenador pedagógico deve observar a sala de aula?

Original disponível em: http://blog.qedu.org.br/blog/2015/04/30/o-coordenador-pedagogico-deve-observar-a-sala-de-aula/ 

O coordenador pedagógico deve observar a sala de aula?

Para um coordenador pedagógico, observar a sala de aula pode ser um dos momentos mais críticos da função, pois já se enraizou a ideia de que se observa para supervisionar. Mas é preciso ressaltar que, no contexto pedagógico escolar, a observação é uma excelente estratégia na formação dos professores na escola, já que ela pode contribuir para levar o professor a uma reflexão de sua prática e a buscar novas possibilidades de intervenções para a melhoria do ensino. Mas como fazer esta observação da melhor maneira?
Neste terceiro artigo da série sobre o papel do coordenador pedagógico nas escolas (veja aqui o primeiro e o segundo), feito com base no estudo da pesquisadora Silvana Tamassia, que relata a experiência na formação de gestores no curso de Gestão para a Aprendizagem, realizado pela Fundação Lemann em parceria com a Elos Educacional, vamos abordar a segunda frente de atuação desse profissional: o acompanhamento da ação pedagógica do professor em sala de aula por meio de observações planejadas.

Antes da observação

  • Defina o foco da observação, que deve ser centrado num ponto em que a escola deseja investir. É importante que este ponto seja um objetivo passível de mudança e que a observação não fique centrada na figura do professor.
  • Compartilhe o planejamento da observação com os professores para que saibam o que esperar da aula que será observada, escolhendo o melhor momento para esta observação.
  • Marque a data da observação em conjunto com o professor.
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Discreto como uma mosca: “Fly on the wall” é uma técnica muito utilizada por designers para observação do público-alvo sem atrapalhar a sua rotina.

Durante a observação

  • Tenha um roteiro para registrar as observações realizadas. Esse roteiro pode seguir um padrão da unidade escolar ou pode ser ajustado para cada foco que se deseja observar. “Este roteiro vai contribuir muito para que professores e coordenação se planejem para este momento, tornando-o mais produtivo, instaurando, assim, um clima positivo, já que o que será observado não será uma surpresa, mas algo previamente acordado.”
  • Mantenha uma postura discreta, procurando não interferir na aula que está acontecendo. Os registros devem se ater ao foco combinado e às evidências que indiquem o que de fato aconteceu, evitando as inferências.
Você também pode se interessar por esses conteúdos:

Depois da observação

  • Prepare e realize o feedback da aula observada, mas tenha cuidado para que este momento não seja apenas informativo mas também formativo.
  • Marque reunião de feedback com o professor, pois é o momento em que ele será convidado a refletir sobre a sua prática. “É neste momento que o formador/coordenador vai aproximar os conteúdos das formações com as ações pedagógicas desenvolvidas em sala de aula, cumprindo, ao lado dos professores, seu papel de parceiro mais experiente, que poderá contribuir para a reflexão da prática e as mudanças necessárias”.
Algumas dicas para este momento:
1- Não inicie a conversa apresentando tudo o que registrou. Faça uso de algumas habilidades comunicativas que levarão o professor a refletir sobre a aula observada.
2- Faça uso de paráfrases, que consiste em dizer, com suas próprias palavras, o que disse outra pessoa, com o objetivo de verificar se houve entendimento do que o outro falou. Veja alguns exemplos:
Pelo que entendi, você … É isso mesmo?
Então você quer dizer que isto aconteceu porque… ?
Deixe eu ver se ficou claro. O objetivo da aula era…?
3- Faça perguntas esclarecedoras, pois elas permitem ter uma imagem clara de uma situação específica apresentada ou de uma ideia, sem fazer juízo de valor ou generalizações. Veja esses exemplos:
Por que só um aluno da dupla estava com a folha da atividade? O que você pretendia com esta estratégia?
Qual foi o seu objetivo ao solicitar que os alunos numerassem os parágrafos do texto?
Por que o aluno X estava fazendo a atividade individualmente?
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4- Faça perguntas de sondagem, que tem como principal objetivo levar a pessoa diretamente envolvida na ação a refletir sobre o ocorrido e pensar em possíveis encaminhamentos. Ela estimula a reflexão e tira a obrigação de quem observou de responder a tudo e passa esta tarefa para quem foi observado. “Neste primeiro momento, esta conversa irá ajudar o coordenador a esclarecer aquilo que ele observou e poderão então fazer uma discussão pautada no que foi observado e nos esclarecimentos do professor.” Por exemplo:
O que você sugere para melhorar esta situação?
Que outra estratégia poderia ser utilizada para que isso não acontecesse?
Para finalizar, faça os encaminhamentos juntamente com o professor e sugira algumas ações. Registre esses encaminhamentos e dê uma cópia ao professor para que ele possa planejar suas ações pautadas no que discutiram buscando qualificar a sua prática.

O papel, a formação e os desafios do coordenador pedagógico

Mensagem original disponível em: http://blog.qedu.org.br/blog/2015/04/28/o-papel-a-formacao-e-os-desafios-do-coordenador-pedagogico/

O papel, a formação e os desafios do coordenador pedagógico

Com base no estudo da pesquisadora Silvana Tamassia, que relata a experiência na formação de gestores no curso de Gestão para a Aprendizagem, realizado pela Fundação Lemann em parceria com a Elos Educacional, o QEdu vai produzir uma série de artigos falando sobre o papel desse profissional e de sua atuação conjunta com os diretores nas escolas para a aprendizagem dos alunos. Neste artigo introdutório, vamos abordar o papel do coordenador pedagógico na escola pública, seu processo de formação, rotinas e desafios.

O papel do coordenador pedagógico

É preciso profissionalizar cada vez mais o papel deste importante ator nos processos educacionais para que ele atue de fato mobilizando o grupo para a melhoria das práticas pedagógicas na escola. O que acontece em muitos casos é que o coordenador não consegue organizar sua rotina de modo a focar nas ações pedagógicas e prioritárias e acaba se perdendo no dia a dia da escola, envolvido principalmente em problemas de indisciplina, como comenta a especialista em Educação Infantil e Séries Iniciais, Lidiane Cristina da Silva.
Nós, Coordenadores Escolares, passamos a ser reconhecidos como “faz tudo”, pois além de auxiliar o professor na construção e aplicação de seu planejamento, propor avaliações paralelas periódicas, desenvolver os projetos na escola, precisamos assumir outras funções, como preencher registro de ocorrência de alunos e professores, enviar bilhetes, dar advertência, redigir atas, cuidar da entrada tardia e saída antecipada dos alunos, cobrar o uso do uniforme e vestimentas adequadas ao ambiente escolar, e, com tudo isso, o trabalho pedagógico na sua essência fica adormecido.
Dentro da rotina da coordenação pedagógica, é importante organizar, portanto, uma agenda que garanta que o coordenador possa estar em três frentes de atuação:
  1. Planejando e conduzindo as reuniões pedagógicas na escola;
  2. Acompanhando a ação pedagógica do professor em sala de aula por meio de observações planejadas;
  3. Acompanhando o resultado das aprendizagens dos alunos por meio das avaliações internas e externas.

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Lidiane Cristina da Silva também é Coordenadora Pedagógica na Escola Ildefonso Linhares (EEB) – Florianópolis (SC).

 A formação dos coordenadores

Quase 90% dos profissionais que hoje assumem a função de coordenador pedagógico nas escolas vieram das salas de aula, mas não têm formação para uma coordenação pedagógica, que exige mais do que conhecimentos didáticos e metodológicos. É o que argumenta Silvana Tamassia.
“As faculdades de Pedagogia precisam formar futuros professores, diretores e coordenadores, sendo necessário o desenvolvimento de um currículo que possa atender todas as demandas desses futuros profissionais, porém a extensão dessa necessidade não cabe ou não está organizada de modo que seja possível ser detalhada e aprofundada nos anos do curso de Pedagogia e isto acaba dificultando um aprofundamento nos estudos e, consequentemente, na formação deste profissional.”
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Existem mais de 1100 cursos de Pedagogia no Brasil. Acima, uma faculdade de Jaboatão dos Guararapes – PE.
Além disso, os coordenadores pedagógicos precisam desenvolver um papel de líder para que possam atuar de forma eficiente com seu grupo. Precisam ainda conhecer estratégias formativas para que possam desempenhar seu papel de formador do grupo de professores que acompanha. Nesse ponto, ter passado pela sala de aula ajuda os coordenadores a contribuírem com a prática pedagógica docente.

Os desafios do coordenador pedagógico

O coordenador pedagógico precisa parar de ser o profissional que somente “apaga incêndios” nas escolas. Para Lidiane, o principal desafio do coordenador pedagógico é conseguir lidar com as dificuldades do dia a dia, mas também pensar em ações de longo prazo que possam agir na raiz do problema da instituição.
Precisamos desenvolver alternativas para que a função pedagógica tenha a função de prevenção, desenvolvendo projetos para este fim e que estes estejam em consonância com as reais  necessidades da escola atual, pois só assim poderemos alcançar níveis educativos cada vez melhores, visando uma educação básica de qualidade.
Para isso, pode formar sua equipe para lidar com situações emergenciais e também na gestão de sala de aula, ajudando a criar dentro de sala de aula um ambiente mais favorável para a aprendizagem dos alunos “que, com o decorrer do tempo, certamente irá contribuir para a diminuição dos casos de indisciplina”, conforme explica Tamassia.
“Neste ponto, destacamos também a importância da parceria entre coordenador e diretor escolar. É importante que o diretor também veja no coordenador este agente de formação na escola, organizando pequenas ações do dia a dia entre os componentes da equipe, de modo que este possa desenvolver o seu papel pedagógico e formativo.”
Nesta coliderança, ambos assumem o papel de líderes da aprendizagem na escola e o compromisso de colocar em prática o projeto político-pedagógico, sempre com foco no aprendizado dos alunos.
Como é a atuação do coordenador pedagógico na sua escola? Deixe seu comentário e não perca os próximos artigos desta série, nos quais iremos detalhar as três frentes de atuação que o coordenador pedagógico deve assumir nesta função.
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